Rompendo o silêncio sobre as especulações envolvendo seu futuro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (23) que não deixará o Brasil, mesmo enfrentando investigações e acusações. Em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro garantiu estar preparado para encarar as consequências legais, mesmo com seu passaporte retido por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Eu vou para a cadeia, eu não vou fugir do Brasil. Eu podia ter ficado lá quando fui para os Estados Unidos. Quando fui para a posse do [Javier] Milei, eu poderia ter ficado, mas vim para cá, sabendo de todos os riscos que estou correndo”, disse Bolsonaro.
Desde fevereiro de 2024, o ex-presidente teve o passaporte recolhido pela Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal (PF), que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Moraes justificou a medida como uma forma de evitar uma eventual fuga de Bolsonaro para escapar de condenações.
Bolsonaro também lamentou não ter podido comparecer a eventos internacionais, como a posse de Donald Trump em 2025. Segundo ele, a decisão de impedir sua saída do país tem viés político.
“Eu fui o último chefe de Estado a reconhecer a vitória do Biden. Isso teve um significado pra eles. Eu sou ex, me convidou juntamente com a esposa. Lamentavelmente, eu não pude ir, fiquei muito triste, queria acompanhar a minha esposa, que só retorna no sábado, e amanhã tem uma marcha lá contra o aborto nos Estados Unidos. Ele sabe disso, alguns do primeiro escalão dele se manifestaram contra isso aí. Isso é uma ação do governo brasileiro, porque tem influência dentro do Supremo, que foi uma negativa para um convite de um chefe de Estado, que eu acho até que a repercussão seria menor com a minha ida, do que com a minha ausência.”
Sobre as eleições presidenciais de 2026, Bolsonaro sugeriu que, caso não possa concorrer, sua família poderá assumir o protagonismo da direita no Brasil. Ele destacou os nomes do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como potenciais candidatos, além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“[Flávio é] Um excelente nome, preparado, tem uma experiência. Um bom articular. Um baita de um nome, não é porque é meu filho. Assim como o Eduardo é uma pessoa madura. Tem um vasto conhecimento de mundo. Podem ser opções”, afirmou.
Sobre Michelle, ele afirmou: “Quando você vê pesquisas, ela está sempre um pouquinho, quase na margem de erro, com o Lula. Esse evento lá fora vai dar uma popularidade enorme para ela. Seria um bom nome com chance de chegar. Logicamente, ela me colocando como ministro-chefe da Casa Civil, pode ser.”
Indiciado pela Polícia Federal por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, Bolsonaro voltou a defender a aprovação de uma anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Segundo ele, tal medida seria essencial para garantir espaço à oposição no Brasil.
“A gente espera que não precise eleger alguém de direita em 2026 para, em 2027, dar anistia. Aquela pessoa que comete um crime e está presa, tem um sentimento. Quem está inocente lá dentro… É uma maneira de eliminar a direita no Brasil.”
Ao ser questionado se teme ser preso, Bolsonaro foi categórico: “Hoje em dia, qualquer um pode ser preso sem motivo nenhum, como tinha gente que nem em Brasília estava e foi preso. Está na mão de uma pessoa decidir o futuro de qualquer um.”
Bolsonaro segue na mira da Justiça brasileira e enfrenta possíveis punições que podem ultrapassar 28 anos de prisão, caso seja condenado pelos crimes atribuídos a ele.
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